Produtores rurais de Santa Maria comemoram avanço do projeto de lei com ajuda financeira após desastres climáticos

Produtores rurais de Santa Maria comemoram avanço do projeto de lei com ajuda financeira após desastres climáticos

Foto: Vilceu Godoy/ Arquivo Pessoal

Registro da mobilização de produtores rurais em Formigueiro, durante o mês de maio.

​​A agricultura pressiona o poder público para soluções do endividamento rural há tempos, mas é desde os recentes eventos climáticos extremos que os prejuízos são maiores e, com eles, as dívidas. Após inúmeras mobilizações de produtores rurais por todo o Estado, inclusive na Região Central, uma das propostas para amenizar a situação avançou mais uma etapa. O projeto de lei 5122/23,  que propõe o uso de recursos do Fundo Social do pré-sal, foi aprovado na Câmara dos Deputados e segue em votação no Senado.  Entidade de Santa Maria e região comemoram o avanço. 

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Para o setor, seriam mais de cinco safras frustradas em seis anos, o que torna inviável o equilíbrio das contas na produção. O projeto de lei viabilizaria a suspensão do vencimento, das cobranças administrativas, das execuções extrajudiciais, judiciais e fiscais, da inscrição em cadastros negativos de crédito e dos respectivos prazos processuais referentes às parcelas da dívida a ser quitada daqueles ​produtores rurais, associações, cooperativas de produção e condomínios que foram impactados. Veja o que diz as associações: 


Mateus Bianchin, produtor e integrante da Associação de Arrozeiros de Santa Maria

"Estamos na expectativa que vai ser aprovado. Com isso, o produtor poderá permanecer na atividade, renegociando a dívida e voltando a ter o crédito para financiar a próxima safra". 


Bebeto Costa, presidente da Associação dos Produtores Rurais de Formigueiro

"A associação recebe de forma positiva e esperançosa. Que os próximos passos também sejam favoráveis.  Acreditando que o Senado Federal tenha o mesmo entendimento que a Câmara Federal teve, pois isto significa dar fôlego a todos os agricultores que perderam devido às intempéries climáticas dos últimos 4 anos". 


Votação na Câmara 

Nas redes sociais, o então relator do texto, o deputado Afonso Hamm (PP/RS), falou sobre o resultado da votação. 

"Vitória do Agro, do Agro Gaúcho do meu estado, vitória do Agro Brasileiro. Acabamos de votar aqui. Conseguimos aprovar na Câmara dos Deputados, 346 votos a favor, um projeto que alonga dívida dos nossos agricultores por conta de utilizarmos o Fundo Social para mitigar o clima, para quem perdeu a sua safra, como o caso no Rio Grande do Sul, em que perdemos cinco safras, nas últimas seis. É importante. Agora vai para o Senado. Uma etapa importantíssima, mas nós temos convicção que essa dignidade do nosso agricultor gaúcho e brasileiro foi resgatada através da via legislativa aqui nesse plenário na Câmara dos Deputados. O nosso relatório foi aprovado".


Próximos passos 

  • Votação no Senado.
  • Se aprovado, será analisado pelo presidente Lula.
  • Pode ser sancionado, logo, vira lei e é publicado no Diário Oficial da União.
  • Ou vetado totalmente ou parcialmente.


Valores 

Segundo o projeto aprovado pela Câmara, poderão ser utilizadas receitas correntes do Fundo Social dos anos de 2025 e 2026 e superávit financeiro (resultado de aplicações dos recursos, por exemplo) dos anos de 2024 e 2025. O projeto limita a R$ 30 bilhões o total de recursos do fundo que poderão ser utilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e bancos por ele habilitados na concessão de financiamento aos produtores rurais para a quitação de operações de crédito rural e de Cédulas de Produto Rural.

Condições do crédito
O financiamento por mutuário será limitado a R$ 10 milhões e, para associações, cooperativas de produção e condomínios, o limite será de R$ 50 milhões. O prazo de pagamento será de dez anos, acrescidos de até três anos de carência, de acordo com a capacidade de pagamento. Para ser beneficiário da linha de crédito criada pelo projeto, o solicitante precisará atuar em município que atenda a pelo menos dois dos seguintes requisitos:​

  • Localizado em estado que tenha declarado estado de calamidade pública ou situação de emergência reconhecidos pelo Poder Executivo federal em pelo menos dois anos no período de 2020 a 2025 em razão de alagamentos, enxurradas, estiagem, inundações, geadas, seca ou tempestades. Valerá também para situação decretada apenas pelo município e reconhecida pelo estado;
  • A soma de dívidas de crédito rural com atraso superior a 90 dias seja maior que 10% do total da carteira de crédito rural do município em 30 de junho de 2025, segundo dados do Banco Central;
  • Municípios com pelo menos duas perdas de produção entre 2020 e 2025 iguais ou superiores a 20% do rendimento médio municipal de, no mínimo, uma cultura agrícola ou atividade pecuária.

A apuração ocorrerá pela diferença entre o maior e o menor rendimento médios anuais da respectiva cultura ou atividade, conforme dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) ou da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) liberados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O beneficiário poderá acessar o financiamento previsto no projeto também se tiver registrado perdas em duas ou mais safras de, no mínimo, 30% da produção em pelo menos uma cultura, comprovado por laudo emitido por profissional habilitado.


Acesse mais sobre esse projeto que utiliza recursos do Fundo Social do pré-sal aqui. Ainda tramitam outras alternativas para os produtores rurais. O PL 341/2025, em discussão na Câmara, e PL 320/2025, no Senado. Ambos propõem a securitização das dívidas. 


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